Erikson centra-se nos aspectos psicossociais, discordando, assim, com a teoria de Freud, nomeadamente nos seguintes pontos:
ü Valorização exagerada da energia libidinal como chave explicativa d desenvolvimento;
ü Redução do desenvolvimento aos períodos que decorrem da infância à adolescência;
ü Subestimação das interacções indivíduo-meio;
ü Privilégio concebido à vertente patológica da personalidade.
Este defensor da perspectiva psicossocial valoriza a interacção entre a personalidade em transformação e o meio social, afirmando que o desenvolvimento é um processo contínuo que se inicia com o nascimento e se prolonga até ao final da vida.
Estádios do desenvolvimento
Erikson apresenta oito estádios onde ocorre a manifestação de uma crise, em cada um deles, que é vivida em função de aspectos biológicos, individuais e sociais.
Conforme for resolvida a crise, a pessoa situar-se-á mais ou menos adequadamente no contexto social, retirando ilações para o relacionamento consigo próprio, com os outros e com a vida.
1. Confiança vs Desconfiança (0 – 18 meses)
· Relação que o bebé estabelece com a mãe: se compensadora, o bebé sente segurança, manifestando uma atitude de confiança face ao mundo (melhor capacidade de adaptação às situações futuras); caso contrário, o bebé desenvolve sentimentos que conduzem ao medo e desconfiança em relação aos outros, que poderão reflectir-se nas relações futuras;
· Virtudes básicas: esperança e o impulso.
2. Autonomia vs Vergonha e Dúvida (18 meses – 3 anos)
· Contradição entre a vontade própria (impulsos) e as normas e regras sociais que a criança tem que começar a integrar;
· Há uma necessidade de protecção e, em simultâneo, um gosto em experimentar;
· Desenvolvimento da AUTONOMIA: se os pais encorajarem a criança a exercitar as habilidades motoras, ela desenvolve o controlo dos seus músculos, o que contribui para o domínio do seu próprio corpo e do ambiente que a rodeia;
· Desenvolvimento da VERGONHA E DÚVIDA: se a criança for impedida de usar as suas capacidades ou lhe é pedido/exigido que as use precocemente, a criança desenvolve sentimentos negativos;
· Virtudes básicas: força de vontade e autocontrolo.
3. Iniciativa vs Culpa (3 – 6 anos)
· A criança obtém prazer através da realização de actividades por iniciativa própria, sentindo orgulho nas suas capacidades. Se for muito punida, sente-se culpada por agir de acordo com os seus desejos, revelando falta de espontaneidade e sentindo-se inibida;
· Já tem noção do que pode ou não fazer;
· Neste estádio existe uma preocupação, por parte da criança, com a aceitabilidade dos seus comportamentos, o desenvolvimento das capacidades motoras, de linguagem, pensamento, imaginação e curiosidade;
· Virtudes básicas: tenacidade, o propósito e a direcção.
4. Mestria vs Inferioridade (6/7 anos – 12 anos)
· Versus positivo: a criança desenvolve grandes aprendizagens (a nível académico e social), sonha com o sucesso, desenvolve esquemas cognitivos, sente-se competente (capaz de produzir); sentem-se bem sucedidas e acreditam nas suas capacidades e no seu valor pessoal, empenhando-se com prazer no trabalho --> MESTRIA;
· Versus negativo: é o sentimento de inferioridade e inadequação que lhe advém de não se sentir segura nas suas capacidades ou de não se sentir reconhecido nem segura no seu papel no grupo social a que pertence, levando a bloqueios cognitivos e atitudes regressivas --> INFERIORIDADE;
· Virtudes básicas: competência/capacidade e o método.
5. Identidade do ego vs Difusão do ego (12 – 18/20 anos)
· Marca o período da adolescência;
· O adolescente necessita entender o seu papel no mundo e tem consciência da sua singularidade (ser único, com identidade própria, inserido num meio social onde tem vários papéis a desempenhar, interiorizando que tem que integrar diversas auto-imagens);
· As fases anteriores deixam marcas, positivas ou negativas, que influenciarão a forma como se evidencia esta crise (vertente positiva: o adolescente adquire uma identidade pessoal e psicossocial; vertente negativa: o adolescente demonstra confusão quanto ao seu papel no mundo, tendo dificuldades em fazer opções);
· Virtudes básicas: fidelidade e devoção.
6. Intimidade vs Isolamento (18/20 – 30/35 anos)
· Duas situações: o jovem adulto estabelece relações de proximidade e partilha com pessoas íntimas ou isola-se e tem dificuldades em relacionar-se;
· Virtudes básicas: amor e filiação (querer sentir-se querido).
7. Generatividade vs Estagnação (30/35 – 60 anos)
· Fase de afirmação pessoal e de desenvolvimento das potencialidades do ego, nomeadamente, no mundo do trabalho e de interesse pelos outros (ocorre um comprometimento do adulto em relação ao futuro e à nova geração);
· Vertente negativa: centralização nos seus interesses próprios e superficiais, levando o indivíduo À estagnação nos compromissos sociais, à falta de relações exteriores, à preocupação exclusiva com o seu bem-estar, posse de bens materiais e egoísmo;
· Virtudes básicas: cuidado, ajuda aos outros e a produção.
8. Integridade vs Desespero (a partir dos 60 anos)
· Existe a integração e compreensão do passado vivido, a reflexão e balanço da vida;
· Duas situações: se o idoso faz um balanço positivo do seu percurso vital, sente-se satisfeito e aceita a idade e as suas consequências (vertente positiva); se considera a vida mal sucedida, pouco produtiva e realizadora, o idoso renega a vida mesmo sabendo que não se pode recomeçar uma nova existência (vertente negativa);
· Virtudes básicas: sabedoria e renúncia.
Nota: as virtudes básicas são bem adquiridas quando conseguimos um bom desenvolvimento e adaptação a cada estádio.
Relativamente a Erikson, o estádio que consideramos mais importante é aquele pelo qual ainda estamos a passar, ou seja, Identidade do ego vs Difusão do ego, mas ao mesmo tempo numa fase de transferência, isto é, a passar para o estádio Intimidade vs Isolamento. O que cria imensos conflitos, conflitos esses que devem ser levados em conta pelos profissionais de desporto.
ResponderEliminarÉ nestes estádios que o adolescente/jovem desenvolve a sua identidade, cria relações, algumas para toda a vida, sendo fundamental o acompanhamento quer por parte dos pais, restante família e até mesmo professores. Até porque todo este desenvolvimento irá verificar-se durante as actividades em grupo ou mesmo nas individuais (onde o jovem demonstra a sua auto-estima).